A revista MC – MUNDO DA CANÇÃO surgiu em Dezembro de 1969, tendo como seu fundador e editor Avelino Tavares, apresentando-se “com o objectivo de lutar contra o cançonetismo apodrecido e ajudar a construir uma canção diferente”.
Num editorial publicado em Março de 1971, dizia-se que a “MC não aconteceu por acaso mas sim por uma convicção forte e baseada num pensamento que se julgou e se constata lectivo. Não se faz para determinado público, é concebida para todos. Usamos uma linguagem directa, sem eufemismos nem subterfúgios: negro é negro, encarnado é encarnado. Adoptamos uma atitude crítica: propomo-nos à crítica e, implicitamente, somos matéria crítica”.
A intenção inicial da revista consistia, pois, na divulgação da música de qualidade, fosse qual fosse a sua origem, com particular e natural insistência nos novos cantos e correntes musicais nacionais, cuja evolução e desenvolvimento sempre acompanhou bem de perto.
A sua postura de denúncia e de intervenção ainda hoje é recordada quer por músicos, compositores e intérpretes da música portuguesa quer pelos numerosos leitores que sempre nos acompanharam. Neste sentido, importa realçar que, para se conseguir passar a “palavra incómoda”, esta surgia “disseminada” entre os “tops” de então. O que não significava que a revista se submetesse a qualquer tipo de censura, interna ou institucional, atitude iniciada e defendida por Avelino Tavares que, todavia, a partir de princípios do ano de 1973, e depois da apreensão pela PIDE/DGS da edição nº 34 (que seria “libertada” pelo MFA a 27 de Abril de 1974), não teve outra saída a não ser submeter os textos ao exame prévio então vigente.
Foi precisamente a partir desta altura que a revista – que chegou a ultrapassar as vinte e cinco mil unidades vendidas! – entrou numa fase de publicação irregular (a apreensão ocasionou graves dificuldades financeiras e, para as superar, nunca esteve em causa a independência total da revista), vindo a cessar a sua edição, nos moldes característicos desta fase, em Julho de 1985, com a publicação do exemplar nº 67.
Em Junho de 1991, a MC – MUNDO DA CANÇÃO ressurgiu, numa nova série e com um novo formato (do tipo livro), na sequência de um convite, formulado pela organização do FOLKTEJO, para uma edição especial consagrada aos artistas do respectivo programa. Seguir-se-iam, nos anos de 1992, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998 novas edições temáticas, consagradas aos 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º e 9º Festival Intercéltico do Porto, edições estas que contaram com o inestimável apoio do Pelouro de Animação da Cidade da Câmara Municipal do Porto.
A revista teve, ao longo dos seus vinte e cinco anos de existência (com o interregno entre 1985 e 1991), como directores Viale Moutinho, Vieira da Silva, António José Campos (durante um brevíssimo período, tendo sido de novo “reconduzido” Vieira da Silva) e Mário Correia, tendo permanecido como respectivo fundador e editor Avelino Tavares.
Do vasto conjunto dos seus colaboradores, nos mais distintos períodos, não se pode deixar de recordar os nomes de Maria Teresa Horta (que foi a primeira delegada em Lisboa), Guilherme Soares, Jorge Cordeiro, Michel Brunet (correspondente em Paris), Arnaldo Jorge Silva, Fernando Silva Cordeiro, Tito Lívio, César Príncipe, José Cid, A. J. Lage, Jorge Lima Barreto, Octávio Fonseca Silva, Melo da Rocha, Carlos Feixa, Luis Paulo Moura, Viriato Teles , Manuel Neves (delegado em Paris), Fanch Deudé (delegado na Bretanha) e Fernando Sylvan, entre outros mais.
Tendo sido sempre uma revista dos e para os leitores, importa destacar as páginas desta “tribuna” que se abriram à “participação do leitor”, sendo de destacar a publicação de textos de Mário Correia e António José Campos (mais tarde convidados para redactores efectivos), José Ferreira da Silva, João Carlos Casais, José Salvador, Viriato Teles (posteriormente nomeado delegado em Lisboa), João Carlos Macedo, José Rodrigues, António Mateus, A. Marcelino, Carlos Neves, Fernando Sobral, João Cabral Macedo, Paulo Fafe Garção, Santiago Milheiro, Antunes Mendonça, Swami Jayesh e Patrick Coutin, entre outros.
Ainda em termos de participação dos leitores, importa destacar os numerosos poemas que foram sendo publicados nas secções de poesia da revista.
Através das letras das respectivas canções – e, nalguns casos, de partituras, tendo a revista sido pioneira na respectiva publicação (alguns grandes nomes da actual música portuguesa confirmaram-nos terem iniciado os seus primeiros passos instrumentais graças às partituras publicadas na revista!) – das críticas discográficas e artigos de análise e de divulgação, os leitores tiveram a oportunidade de contactar com os mais variados autores, compositores e intérpretes da canção, tais como:
a) José Afonso, Luis Cília, Francisco Fanhais, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Alegre, Manuel Freire, Fausto, Filarmónica Fraude, José Manuel Osório, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Vitorino, GAC, Pedro Barroso, Samuel, José Jorge Letria, Fernando Tordo, Carlos Mendes, Brigada Victor Jara, Almanaque, Vai de Roda, José Barata Moura, Janita, Luisa Basto, Carlos Paredes, Paulo de Carvalho, Banda do Casaco, Quarteto 1111, Trovante, Terra a Terra, Júlio Pereira, Né Ladeiras, Michel Giacometti, Fernando Lopes Graça, Rui Veloso e tantos, tantos outros da cena musical portuguesa;
b) Joan Manuel Serrat, Patxi Andion, Joaquin Diaz, Manolo Diaz, Paco Ibañez, Aguaviva, Maria Ostiz, Maria del Mar Bonet, António Portanet, Pi de La Serra, Amancio Prada, Fuxan os Ventos, Pablo Quintana e outros de expressão hispânica;
c) Daniel Viglietti, Carlos Puebla, Mercedes Sosa, Astor Piazzolla, Chico Buarque, Milton Nascimento, Sílvio Rodriguez, Pablo Milanès, Violeta Parra, Soledad Bravo, Atahualpa Yupanqui, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben, Elis Regina, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Nara Leão, Zélia Barbosa, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Maria Creuza e Vinicius de Moraes, entre muitos outros da área de expressão latino-americana;
d) Jean Ferrat, Boris Vian, Juliette Grecco, Serge Reggiani, Georges Brassens, Jacques Brel, Claude Nougaro, Georges Moustaki, Léo Ferré, Colette Magny e Catherine Ribeiro, entre outros grandes nomes da “chanson” e da música francesa;
e) Na vasta área de expressão anglo-americana, Beatles, Rolling Stones, Elvis Presley, Bee Gees, Donovan, Bob Dylan, Pete Seeger, Woody Guthrie, Joan Baez, Phil Ochs, Doors, Leonard Cohen, Melanie, Simon & Garfunkel, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jethro Tull, Van Der Graaf Generator, Gentle Giant, Yes, Genesis, Tom Paxton, Judy Collins, Eric Clapton, Elton John, Pink Floyd, Carole King, James Taylor, Cat Stevens, Fairport Convention, Procol Harum, Van Morrison, Dire Straits, Lou Reed, Joy Division, King Crimson, John Lennon e Steppenwolf, entre muitos mais.
Nas páginas da MC – MUNDO DA CANÇÃO ficaram registados os discursos directos de nomes como os de Nuno Filipe, Pop Five Music Incorporated, Filarmónica Fraude, Rui Mingas, Manuel Freire, José Barata Moura, Deniz Cintra, Hugo Maia Loureiro, António Bernardino, Rita Olivaes, Duo Orpheu, Fernando Martins, Teresa Paula Brito, António Macedo, José Carlos Ary dos Santos, Carlos Cruz, José Jorge Letria, Nuno Gomes dos Santos, José Cid, Maria Teresa Horta, Adriano Correia de Oliveira, Miguel Graça Moura, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Sérgio Godinho, Shila, Vitorino, Carlos Paredes (duas entrevistas), Carlos do Carmo, Luis Cília (duas entrevistas), José Afonso, Carlos Mendes, José Mário Branco (duas entrevistas), Brigada Victor Jara, Maria Guinot, Júlio Pereira, Raízes, UHF, Opus Ensemble e Fausto, entre outras entrevistas igualmente publicadas, algumas das quais foram mais tarde reunidas em livro.
Quanto aos nomes estrangeiros, destaque para as entrevistas com Wallace Collection, Patxi Andión, Aguaviva, Manfred Mann, Daniel Viglietti, Carlos Puebla, Angel Parra, Antonio Portanet, Amancio Prada, Pi de La Serra, Elisa Serna, Manuel Gerena, Chico Buarque, Jorge Bonaldi e Léo Ferré.
De referir, por último, a presença e a publicação de notas de reportagem sobre os seguintes eventos:
1970 · VII Grande Prémio TV da Canção; X Festival da Canção da Figueira da Foz;
1971 · VIII Grande Prémio TV da Canção; 2º Festival Musical da Juventude em Almada; Festival da Juventude em Vilar de Mouros; 1º Festival dos Dois Mundos do Porto; 1º Festival de Jazz de Cascais; Concurso de Música Pop em Alcobaça;
1972 · IX Grande Prémio TV da Canção; 3º Festival Musical da Juventude em Almada; 2º Festival de Jazz de Cascais;
1973 · 3º Festival de Jazz de Cascais;
1975 · 1º Encontro da Canção Popular em Ílhavo;
1976 · Festival Rock de S. João da Madeira; 2º Encontro da Canção Popular em Ílhavo; Festa do Avante; 4º Festival da Canção do Illiabum Club de Ílhavo;
1980 · Fitei Canto – I Encontro de Canto de Expressão Ibérica; Festa do Avante;
1981 · Festival RTP da Canção;
1982 · Festival de Vilar de Mouros’82;
1983 · Festa do Avante; Concerto de Pete Seeger em Lisboa.
A partir de 1991, ano de reinício da nova série da revista, foram exaustivamente documentados os seguintes eventos:
1991 · 1º Folk Tejo – Lisboa
1992 · 3º Festival Intercéltico do Porto
1993 · 4º Festival Intercéltico do Porto
1994 · 5º Festival Intercéltico do Porto
1995 · 6º Festival Intercéltico do Porto
1996 · 7º Festival Intercéltico do Porto
1997 · 8º Festival Intercéltico do Porto
1998 · 9º Festival Intercéltico do Porto
1999 · 10º Festival Intercéltico do Porto
2000 · 11º Festival Intercéltico do Porto