A razão de ser de um Festival Intercéltico encontra fundamentos em todo um passado caracterizador da nossa forma de ser e de estar, determinador de alguns dos mais vincados elementos da nossa identidade como povo soberano e independente, os quais constituem factores integrantes desse inegável direito à diferença tão reivindicados pelos povos do Arco Atlântico.
Da Galiza e do Norte de Portugal há memória de uma histórica ligação na época dos celtas, a qual se prolongou até à Idade Média, tendo referências seguras dessa identidade secular permanecido até ao presente. Se ainda hoje nesta vasta região são detectáveis influências dos povos mediterrânicos, dos celtas galatas, dos romanos, dos celtas bretões, dos suevos e dos vikings (veja-se o barco rabelo duriense), não é menos verdade que nesta referida região, hoje política e administrativamente dividida, convergiram numerosas e diferentes culturas descendentes dos povos indo-europeus. A riqueza e a diversidade da música tradicional e popular da Galiza e do Norte de Portugal entronca em raízes comuns, as quais se repartem por três fontes principais: céltica, romana e autóctone. De tal modo que chega mesmo a verificar-se, quanto à componente de raiz celta, a permanência de instrumentos, ritmos e melodias muito semelhantes aos das terras mais vincadamente marcadas pelas tradições célticas, tais como a Irlanda, País de Gales, Escócia, Cornualha, Ilha de Man e Bretanha ou mesmo outras terras celtas latinizadas, como Auvergne e Limousin, em França, e certas regiões do Piemonte e Alessandria, em Itália.
De um modo geral, a música popular das antigas regiões célticas é uma música de sínteses, ponto de encontro de várias e distintas culturas musicais, por vezes mesmo desconcertantes, revestindo formas determinadas por toda uma complexa dinâmica de interacções culturais. De tal modo que, no contexto musical europeu (com excepção para algumas regiões do leste europeu) as músicas populares dos países com passado celta são hoje realidades culturais muito vivas e significantes. As regiões herdeiras do legado celta – Irlanda, País de Gales, Escócia, Cornualha Britânica, Ilha de Man, Bretanha, Astúrias, Galiza e Norte de Portugal – partilham entre si memórias comuns de um passado ligado pelo Atlântico povoado de seculares lendas e segredos, de cantos e histórias, de ancestrais cultos e secretas crenças.
Se bem que os Celtas nunca tenham constituído um conjunto homogéneo, a verdade é que eles foram os percursores da “primeira Europa”, como refere Venceslas Kruta: “Foram os primeiros a constituir um conjunto verdadeiramente europeu e a unir numa mesma cultura as populações de vários territórios, dos quais apenas uma parte foi recuperada de seguida pelo Império Romano”.
Não se pretende, como é óbvio, reduzir a música popular das regiões outrora habitadas pelos aguerridos celtas a uma corrente uniforme de influências directamente deles herdadas, mas tão-só pôr em evidência, através do modesto contributo do Festival Intercéltico e do Porto, os pontos de contacto e as raízes comuns das origens.
A vontade da edilidade portuense em assegurar a continuidade das duas anteriores edições e de tudo fazer no sentido da sua desejável institucionalização, fez do Festival Intercéltico do Porto um verdadeiro acontecimento cultural da cidade, ponto de convergência de esforços e de vontades aos quais o MC-Mundo da Canção se associa com todo o entusiasmo e dedicação, comungando das finalidades orientadoras do estudioso atrás referido, cujas reflexões se nos afiguram de grande importância:
“Querer reencontrar os antigos Celtas não é apenas um exercício de historiador, uma curiosidade de antiquário ou de erudito, mas também a procura de uma herança que permanece viva em nós e à nossa volta. Basta vermos quantas das suas obras nos são familiares para nos convencer e para não mais se esquecer que eles foram, sem qualquer dúvida, A PRIMEIRA EUROPA…”
Iniciativa
MC-Mundo da Canção
Produção, organização e divulgação
MC-Mundo da Canção
Direcção da produção
Avelino Tavares
Direcção artística
Avelino Tavares
1ª EDIÇÃO
19 de Abril a 3 de Maio 1986
Co-produção, organização e divulgação do 1º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, iniciativa do Instituto Francês do Porto, com apoio da Câmara Municipal do Porto/Pelouro de Animação da Cidade, no qual participaram Alan Stivell, Vai de Roda, Andy Irvine, Júlio Pereira, Milladoiro, Manuel Tentúgal e Emilio Cao.
2ª EDIÇÃO
16 a 23 de Abril 1991
Produção, organização e divulgação do 2º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, no qual actuaram: ALAN STIVELL, BAGAD KEMPER, JIG, NA LUA, VAI DE RODA e GWENDAL (todos os concertos no Rivoli – Teatro Municipal).
3ª EDIÇÃO
2 a 4 de Abril 1992
Produção, organização e divulgação mc do 3º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, realizado no Rivoli – Teatro Municipal, com concertos de Matto Congrio, Maddy Prior Band, Bailia Das Frores, Llan De Cubel, Bleizi Ruz e De Dannan.
↑ Maddy Prior
3º Festival Intercéltico do Porto (1992)
4ª EDIÇÃO
1 a 4 de Abril 1993
Produção, organização e divulgação mc do 4º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, realizado no Rivoli – Teatro Municipal, com Barzaz, Battlefield Band, Uxia, Sétima Legião, Barabàn e Chieftains. Iniciativa CMP / Pelouro da Cultura.
5ª EDIÇÃO
24 a 27 de Março 1994
Produção, organização e divulgação mc do 5º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, realizado no Cinema do Terço, com actuações de: Amélia Muge, Mac-Talla, Leilia, Márta Sebestyén/Muzsikás, Kristen Nogues/Trio Molard-Pellen, Déanta, Toque de Caixa e Dervish. Os concertos destes dois últimos grupos, realizados no dia 27, foram integrados nas comemorações dos 25 anos mc. Iniciativa da CMP / Pelouro da Cultura.
↑ Amélia Muge
5º Festival Intercéltico do Porto (1994)
↑ Leilia
5º Festival Intercéltico do Porto (1994)
↑ Kristen Nogues/Trio Molard-Pellen
5º Festival Intercéltico do Porto (1994)
↑ Toque de Caixa
5º Festival Intercéltico do Porto (1994)
6ª EDIÇÃO
7 a 9 de Abril 1995
Produção, organização e divulgação mc do 6º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, realizado no Cinema do Terço, com actuações dos grupos Realejo, Boys of the Lough, Skolvan, Fairport Convention, Luar na Lubre e Four Men And A Dog. Actividades paralelas: exposição “José Afonso – Andarilho, Poeta e Cantor”, na Alfândega do Porto.
7ª EDIÇÃO
29 a 31 de Março 1996
Produção, organização e divulgação mc do 7º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, realizado no Cinema do Terço, com actuações de Gaiteiros de Lisboa, Carlos Nuñez & Banda, Strobinell, Varttina, Brigada Victor Jara e Arcady. Iniciativa CMP / Pelouro da Cultura.
8ª EDIÇÃO
4 a 6 de Abril 1997
Produção, organização e divulgação mc do 8º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, realizado no Cinema do Terço, com actuações de: Ronda dos Quatro Caminhos, Sonerien Du, Jac-Y-Do, Berroguetto, Pauliteiros de Malhadas e Patrick Street. Na animação paralela: Galandum Galundaina. Iniciativa CMP / Pelouro da Cultura.
9ª EDIÇÃO
3 a 5 de Abril 1998
Produção, organização e divulgação mc do 9º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, no Rivoli – Teatro Municipal, com actuações de Deaf Shepherd, Garmarna, Os Caretos de Podence, La Musgaña e Solas. Actuação no Club Folk (café-concerto) dos grupos Galandum Galundaina e Os Cempés.
↑ Os Cempés
9º Festival Intercéltico do Porto (1998)
10ª EDIÇÃO
26 a 28 de Março 1999
Produção executiva, organização e divulgação mc do 10º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO no Coliseu do Porto e Rivoli – Teatro Municipal, com as actuações de Adufe, Celtas Cortos, Xosé Manuel Budiño, Dervish e Tri Yann. Os Magna Carta (Folk Club – Rivoli) e músicos da área folk e celta (Coliseu do Porto). Outras actividades paralelas do festival: Encontro “Ao Toque da Concertina”, Exposição da “Gaita de Foles”, Ciclo de Cinema, Exposição de Desenhos, Celtivideo e grande “Feira do Disco Folk e Celta”. Iniciativa CMP / Pelouro da Cultura.
↑ Dervish
10º Festival Intercéltico do Porto (1999)
11ª EDIÇÃO
30 de Março / 1 e 2 de Abril 2000
Produção, organização e divulgação mc do 11º FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO que decorre no Coliseu do Porto e Rivoli – Teatro Municipal. Participam nesta edição: Ceolbeg, Kepa Junkera, Muxicas, Lúnasa, Fausto, Segue-me à Capela, Shantalla, Comvinha Tradicional e O Ó Que Som Tem? (Toca a Rufar). Actividades Paralelas: Feira/Exposição de Instrumentos com construtores Portugueses e Galegos, Feira do Disco Folk e Celta, Celtivideo e, no decorrer do Festival (1 de Abril), é lançado no Café Concerto do Rivoli o livro biográfico “CARLOS PAREDES – A Guitarra de Um Povo”. Prelúdio musical com Paulo Soares (Guitarra Portuguesa) e Fernando Alvim (Viola). A exemplo das dez edições anteriores, esta 11ª tem Direcção Artística de Avelino Tavares.
↑ Kepa Junkera
11º Festival Intercéltico do Porto (2000)
12ª EDIÇÃO
22 a 24 de Março 2002
A grande sala do Coliseu do Porto recebe a 12ª edição do FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, com as actuações dos grupos: Roldana Folk, Kornog, Os Cempés, Ghalia Benali e os irlandeses De Danann. Iniciativa, produção, organização e divulgação mc. Programação: Avelino Tavares.
↑ Ghalia Benali
12º Festival Intercéltico do Porto (2002)
↑ De Danann
12º Festival Intercéltico do Porto (2002)
13ª EDIÇÃO
3 a 5 de Abril 2003
O Coliseu do Porto volta a receber o FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, agora na sua 13ª edição. No programa, os grupos: Brigada Victor Jara, Shantalla, Gaiteiros de Lisboa, Four Men and a Dog, Mercedes Peón e Altan. A iniciativa, programação, organização e divulgação mc. Direcção Artística: Avelino Tavares.
14ª EDIÇÃO
1 a 3 de Abril 2004
O FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO volta ao Rivoli – Teatro Municipal na sua 14ª edição e apresenta um cartaz com os grupos: At-Tambur, Musikas/Marta Sebestyén, Realejo, Atlântica, Frei Fado d’el Rei, Kíla e Kepa Junkera do país basco. Esta edição do FIP teve extensões a Lisboa (CCB), Montemor-o-Novo e Arcos de Valdevez. Iniciativa, produção, organização e divulgação mc. Dir. Artística: Avelino Tavares.
15ª EDIÇÃO
1 a 10 de Abril 2005
Esta é a grande edição do FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO, na qual, além da cidade Invicta, o festival marca presença em mais 4 cidades: Lisboa, Arcos de Valdevez, Montemor-o-Novo e Praia da Vitória – Ilha Terceira, Açores. No Rivoli – Teatro Municipal , actuam: Quadrilha, Susana Seivane, Galandum Galundaina, North Cregg, Xarabanda e Danú; em Lisboa: Danú e os galegos Luar Na Lubre; em Arcos de Valdevez: Quadrilha e North Cregg; e em Montemor-o-Novo: Luar Na Lubre e os irlandeses Danú; e em Praia da Vitória: Ronda da Madrugada, Roldana Folk, Xarabanda e a galega Susana Seivane. Iniciativa, produção, organização e divulgação mc. Direcção Artística: Avelino Tavares.
↑ Susana Seivane
15º Festival Intercéltico do Porto (2005)
16ª EDIÇÃO
27 e 28 de Abril 2007
A 16ª edição do FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO decorre no Cinema Batalha e Casa das Artes de Arcos de Valdevez. Programa: Lúmen, Téada, Mu e Pepe Vaamonde (Porto); Brigada Victor Jara e os irlandeses Téada em Arcos de Valdevez. Iniciativa, produção, organização e divulgação mc. Dir. Artística: Avelino Tavares. No Café Concerto do Cinema Batalha, o folk Club é animado noite fora, pelo grupo Bailebundia.
↑ Lúmen
16º Festival Intercéltico do Porto (2007)
↑ Téada
16º Festival Intercéltico do Porto (2007)
↑ Mu
16º Festival Intercéltico do Porto (2007)
↑ Pepe Vaamonde
16º Festival Intercéltico do Porto (2007)
17ª EDIÇÃO
11 e 12 de Abril 2008
O Cinema Batalha recebe a 17ª edição do FESTIVAL INTERCÉLTICO DO PORTO com as actuações dos grupos: Encontros da Eira, Beoga, Galandum Galundaina e do galego Xosé Manuel Budiño. Uma iniciativa mc, a quem cabe também a produção, organização e divulgação do evento. Direcção Artística: Avelino Tavares. Esta edição do FIP tem uma extensão a Arcos de Valdevez onde os Grupos Galandum Galundaina e Beoga se apresentam nos dias 11 e 12 na Casa das Artes da cidade.
↑ Encontros da Eira
17º Festival Intercéltico do Porto (2008)
↑ Beoga
17º Festival Intercéltico do Porto (2008)
↑ Galandum Galundaina
17º Festival Intercéltico do Porto (2008)
↑ Xosé Manuel Budiño
17º Festival Intercéltico do Porto (2008)