Nota de
abertura
Tudo começou em 1969, com a edição de uma revista dedicada à divulgação das músicas do nosso (des)contentamento, num tempo de resistência e de cantos teimosos e militantes, que ousavam desafiar o silêncio oficial, recusando as barreiras e mordaças para a voz da dignidade e da liberdade.
Nas suas páginas, MC – MUNDO DA CANÇÃO assumiu a força da palavra, com as suas próprias e naturais limitações mas sempre firme no desejo e vontade em contribuir para a denúncia de tudo quanto integrava o quadro da mentira e da alienação cultural.
Das palavras – de irregular publicação a partir de certa altura (quer devido à acção da censura quer pelo preço a pagar por uma independência ciosa e teimosamente defendida e preservada), passámos ao apoio e realização de numerosos ESPECTÁCULOS e CONCERTOS de música popular, tradicional e contemporânea.
E sempre na primeira linha da frente divulgadora das músicas conscientes e de qualidade, criámos um espaço cultural vivo e diferente, a MC-DISCOTECA, ponto de encontro e de convívio durante quase uma década. Convívio este que fomos intensificando graças à nossa participação, aos mais distintos níveis – produção, organização, divulgação, apoio e colaboração – nos mais diversos espectáculos e concertos, festivais e encontros musicais. Numa dinâmica cultural sobretudo ligada à cidade do Porto, não deixámos, porém, de colaborar com diversas entidades de todo o País e estrangeiro.
Insatisfeitos – crónica e irremediavelmente insatisfeitos – e sempre ansiosos por novos voos, eis que, em finais dos anos 80, de novo batemos as asas e avançámos para a importação e DISTRIBUIÇÃO nacional de importantes catálogos estrangeiros de músicas folk, tradicional e étnica, clássica e contemporânea, jazz e blues, ligeira e pop/rock.
E procurando fixar outras urgências para a escrita, regressámos às páginas da revista – que esteve na origem de todo este percurso – com um novo formato e de natureza temática, fazendo a crónica documental dos grandes eventos de celebração das músicas folk e tradicionais neste País.
Quem poderá imaginar os novos horizontes de intervenção deste voo iniciado, em 1969, por Avelino Tavares, nas páginas de uma aventura sem fim?